A produção de cerveja no Brasil está cada vez mais tecnológica — e a inteligência artificial tem papel fundamental nessa transformação. Uma das maiores inovações está no uso de plataformas preditivas para otimizar o cultivo da cevada, matéria-prima essencial para a fabricação da bebida mais consumida do país.
Em um cenário de desafios climáticos e adaptação de variedades importadas, a agtech Calice se destaca com soluções baseadas em modelagem de dados biológicos e agronômicos. A plataforma NODES, desenvolvida pela empresa, permite prever o desempenho de diferentes variedades de cevada em múltiplas condições ambientais brasileiras, ajudando produtores a escolher as linhagens mais promissoras.
“O que já fazemos em diversos países lá fora também faremos no Brasil. A plataforma utiliza IA e modelos preditivos para identificar quais variedades melhor se adaptam a cada região, levando em conta clima, solo e outras variáveis. Transformamos grandes volumes de dados agrícolas em insights acionáveis”, explica Mauricio Varela, Head de Desenvolvimento de Negócios da Calice.
Crescimento impulsionado pela tecnologia
Com uma média de 69,3 litros por habitante ao ano, segundo dados da Kirin Holdings, o Brasil é o terceiro maior consumidor de cerveja do mundo. Esse consumo crescente tem impulsionado também a produção nacional de cevada, especialmente nos Campos Gerais do Paraná.
Para atender à demanda por grãos de qualidade, seis importantes cooperativas da região — Bom Jesus, Capal, Castrolanda, Coopagrícola, Frísia e Agrária — investiram na construção de uma das maiores maltarias da América Latina. A estrutura exige um fornecimento constante e padronizado de cevada para garantir malte de alto padrão, fundamental para o sabor e aroma da cerveja.
Superando barreiras climáticas
O cultivo da cevada no Brasil enfrenta obstáculos como instabilidade climática e a necessidade de adaptação genética de variedades tradicionalmente cultivadas em países de clima temperado. É justamente nesse ponto que a IA faz a diferença: ao analisar uma gama de dados sobre clima, solo e comportamento das plantas, é possível prever com maior precisão quais linhagens terão melhor desempenho em produtividade e qualidade de malte.
Com isso, a tecnologia impulsiona não apenas a agricultura, mas também eleva o padrão da cerveja brasileira, abrindo caminho para uma produção mais eficiente, sustentável e conectada com a inovação.
