A produção de vinhos finos no interior paulista está passando por uma revolução, impulsionada por investimentos estratégicos, novas regiões produtoras e inovações tecnológicas. Cidades como São José do Rio Preto, Penápolis e Ribeirão Branco estão se destacando no cenário vitivinícola, tradicionalmente dominado por São Roque e Jundiaí. Essa diversificação demonstra como o estado de São Paulo tem potencial para se tornar um polo ainda mais relevante na produção de vinhos de alta qualidade.
Expansão para novas regiões e investimentos estratégicos
Um dos exemplos mais marcantes dessa transformação está na Fazenda Amazonas, em São José do Rio Preto. Há 15 anos, o casal Paulo e Aline Girardi decidiu apostar na produção de vinhos finos, cultivando variedades francesas como Syrah e Cabernet Sauvignon. Um diferencial curioso é a irrigação das videiras com água mineral de nascentes locais, o que, segundo Paulo Girardi, aprimora a qualidade das uvas e confere características únicas ao vinho.
Outro grande investimento está em Ribeirão Branco, na região de Itapetininga. A Vinícola Família Davo, instalada em uma área de 587 hectares, enfrentou desafios iniciais, mas se consolidou como referência ao conquistar prêmios internacionais com seus vinhos. Além das videiras, a propriedade expandiu sua produção para azeites extravirgens, ampliando a atuação no setor gourmet.
Dupla poda: a tecnologia que revolucionou a viticultura paulista
O crescimento da produção de vinhos finos no estado de São Paulo também se deve a avanços tecnológicos, como a técnica da dupla poda. Desenvolvida pelo engenheiro agrônomo Murilo Albuquerque Regina, essa metodologia altera o ciclo natural das videiras, permitindo que a colheita ocorra no inverno, quando o clima é mais seco e ameno. O resultado são uvas com maior teor de açúcar e taninos mais equilibrados, essenciais para a elaboração de vinhos de alta qualidade.
Pesquisa e inovação elevam a qualidade dos vinhos paulistas
São Roque, uma das cidades mais tradicionais na produção de vinho em São Paulo, abriga uma área de 44 hectares de pesquisa vitivinícola, onde especialistas estudam diferentes variedades de uvas e suas adaptações ao solo e clima do estado. Essas pesquisas são essenciais para identificar as melhores práticas de cultivo e garantir que os vinhos paulistas continuem ganhando destaque no mercado nacional e internacional.
O futuro promissor do vinho paulista
O crescimento da viticultura no interior paulista reflete uma mudança no perfil dos produtores. Muitos empreendedores vêm de setores diversos e estão investindo pesadamente em infraestrutura e inovação para elevar a qualidade dos vinhos. Esse movimento tem expandido o mercado consumidor e permitido que mais pessoas conheçam e apreciem rótulos produzidos em São Paulo.
Com tecnologia, investimentos e uma nova abordagem na produção, o vinho paulista está conquistando cada vez mais espaço e reconhecimento. Se antes as melhores opções vinham apenas de outras regiões do Brasil e do mundo, agora o interior de São Paulo também se posiciona como um forte competidor no mercado de vinhos finos.
