Um dia, a Skol já foi dona de um terço do mercado brasileiro de cerveja. Hoje, tenta reconquistar espaço num cenário onde o público quer puro malte, lúpulo aromático e cervejas com mais identidade. Será que a Skol tem fôlego pra isso?
O novo CEO da Ambev, Carlos Lisboa, acha que sim. E já deixou claro: vai forçar investimento pesado em marketing pra reviver a marca que já foi sinônimo de verão, festa na laje e cooler na praia.
“Um core saudável significa uma categoria saudável e um setor saudável”, disse Lisboa a analistas do BTG Pactual.
Menos extensão, mais identidade
Durante anos, a Ambev se concentrou em ampliar seu portfólio — e fez isso bem. Brahma Duplo Malte, a escalada das puro malte, beats pra tudo que é gosto, até vinho em lata apareceu. Mas agora a estratégia é outra: voltar para o centro, e o centro se chama Skol.
Segundo Lisboa, a queda da Skol nos últimos tempos tem mais a ver com falta de atenção e investimento do que com a fórmula da cerveja. E é aí que entra a aposta atual: reposicionar a Skol como a cerveja leve, refrescante e “redonda”, em oposição direta ao discurso do puro malte, que vem dominando a cena.
Skol vs. Heineken e a sombra da concorrência
O problema é que a disputa hoje é bem mais acirrada. O BTG Pactual, que analisou a estratégia, reconhece o esforço da Ambev, mas é cauteloso quanto ao sucesso da empreitada.
De um lado, a Cervejaria Petrópolis (Itaipava) ensaiou uma recuperação e entrou com os dois pés no preço baixo. Do outro, a Heineken resolveu seus problemas de produção e retomou o fôlego. Nesse ringue, a Skol é vista como vulnerável demais.
“A capacidade da Skol de competir parece mais suscetível ao comportamento da concorrente, o que, para nós, atesta a perda de apelo da marca”, afirma o analista Thiago Duarte.
E a fórmula? Continua a mesma.
Skol não mexeu no sabor, apenas no discurso. A campanha atual defende que cerveja não precisa ser amarga pra ser boa — e que leveza é um atributo nobre, principalmente no calor do Brasil. É uma cutucada direta na Heineken, que hoje lidera entre as puro malte.
Pra Lisboa, a missão é clara: fazer o Brasil voltar a ver valor na Skol — e não só preço. A inspiração vem de dentro da casa: a Brahma se manteve relevante, mesmo com o tempo e a concorrência. A Skol pode seguir o mesmo caminho?
Desce redondo ou encalha?
No fim das contas, a revitalização da Skol vai depender da habilidade da Ambev em reconectar a marca com um novo público. O desafio é grande, e o BTG segue com o pé atrás, mantendo recomendação neutra para as ações da empresa.
Enquanto o core tenta voltar a ser pop, a pergunta que fica é: dá pra fazer a Skol descer redondo outra vez?
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